sábado, março 09, 2013


Saudades!

Quanta saudade eu sinto! E como isso me acalora o peito. O ar se desprende dos meus pulmões. É o fôlego que jamais volta. Quanta saudade! Não há respiração que revigore. Não há suspiro que me traga de volta. Fico por aqui mesmo. Saudades, saudades, saudades... Talvez eu nunca tenha te deixado... Talvez você nunca tenha me deixado... Mas eu não posso mais te tocar. Já não sou mais o mesmo, você já não existe mais, mas nossa união paira no ar e assim eu lembro para sempre. Havia preocupações, havia medos, houve choro, mas tudo não passava de uma eterna brincadeira! Brincar, sorrir e gargalhar não era desperdiçar o tempo e muito menos pecar. Era viver! E agora? Se preocupar é seriamente! Chorar é de verdade! Ter medo é de um perigo real! Hoje o doce é demais, o leite achocolatado não é mais o ápice do dia e brincar não faz mais sentido. Somos nossos próprios brinquedos! Brincamos de viver todos os dias colocando obrigações à frente de tudo. Sorrimos por protocolo. Esperamos um futuro que não existe.

Decidi que não era isso que eu queria. Me rebelei. Respirei fundo e fiz o caminho de volta. Nadei contra a maré, reencontrei minha infância. E lá estava ela, empoeirada e com muitos centímetros a mais. Mas o sorriso ainda era o mesmo, o jeito de brincar também. Entretanto, seu coração havia mudado. Havia muitas cicatrizes. Sua mente também estava diferente. Aquele brilho pleno havia se transformado em um furacão. As vezes mal era possível distinguir as formas. Mal dava para saber o que era loucura e o que não era. Os ouvidos escutam vozes, mas não há vozes! A boca fala, mas não há quem escute! Os olhos agora são a janela da desconfiança. Já não sei dizer se é para quem está fora ou para quem está dentro. Dúvida cruel... Mas no fim era a mesma infância. E ela estava o tempo todo ali, me esperando e me olhando de dentro do espelho. 

FIM